sábado, julho 29, 2006

Um pouco de Cultura - Os Pigmeus

Ok, estamos habituados com esses pequenos homenzinhos e suas histórias, mas apenas de filmes e muitos desenhos animados. Mas quem são ou foram realmente esses Pigmeus?! Pequenos homenzinhos canibais?! Não! Brincadeiras a parte isso é apenas uma lenda, uma idéia racista. Geralmente é designado, este termo, para um individuo de raça pequena, anão, ou até mesmo um homem de fraco talento.

De acordo com a Mitologia, Pigmeu era o nome pelo qual se chamavam os indivíduos duma suposta raça de homens pequeníssimos, que a lenda dava como vivendo antigamente no Alto Egito. Não tinham mais de um côvado (o que corresponde a um pouco mais que 66 cm de altura, ou 3 palmos) de altura e viviam apenas oito anos. As mulheres geravam aos cinco anos. Duma feita atacaram Hércules, que encontraram dormindo e que tinha matado o seu rei, chamado Anteu. O herói, ao acordar, recolheu-os em sua pele de leão (do leão da Neméia em um de seus doze trabalhos e que usava como manto desde então), esmagando-os.

Já segundo os grandes antropólogos modernos, o termo Pigmeu deve ser apenas aplicado às populações cuja estatura média masculina não ultrapasse a 1,50 m. Assim definidos, os pigmeus compreendem etnograficamente três grupos: os negritos centro-africanos, que habitam uma faixa equatorial da África que vai do Atlântico até a região dos grandes lagos; os negritos asiáticos, que ocorrem na Filipinas, nas selvas centrais da Malaca meridional e em Sumatra; e por fim, os pigmeus melanésios, nas ilhas da Melanésia.

Os Pigmeus criaram formas culturais próprias, de acordo com as exigências do seu hábitat. Isso, ao lado dos obstáculos geográficos e naturais, foi um dos fatores que os levou a viver isolados. Mesmo os poucos intercâmbios comerciais de carne e mel selvagem sempre se deram através de intermediários. O longo isolamento na selva e a falta de contato com os demais povos africanos deram origem a lendas absurdas e racistas. Há umas dezenas de anos, por exemplo, a tribo africana dos Magbetu perseguiu e matou todos os Pigmeus de seus arredores, caçando-os como se fossem javalis. Sua baixa estatura chega a ser uma vantagem, porque os fazem ágeis em suas andanças pelas obscuras selvas africanas.

A cabana, semi-esférica e totalmente coberta de folhas, tem de 2 a 3 metros de diâmetro e uma altura que raramente supera os 150 centímetros. Antigamente, sua construção era tarefa exclusiva das mulheres. Os instrumentos de trabalho dos Pigmeus são poucos e feitos com madeira, ossos, chifres, fibras naturais e vegetais, dentes e sementes duras. Além de suas casas, são hábeis na construção de pontes de cipó sobre os rios.

Os Pigmeus, por viverem geralmente na floresta tropical escura, quente e úmida, encontram na coleta e na caça suas formas de subsistência. Não acumulam alimentos nem bens naturais e vivem daquilo que a natureza lhes oferece. Mas nem sempre contam com o suficiente para atender às necessidades mínimas - às vezes, passam longos períodos de fome. Como os demais povos caçadores da África, nunca se interessaram nem pela agricultura nem pela criação de gado. O único animal doméstico que costumam ter é o cachorro. A mulher é muito respeitada na sociedade pigméia, e a monogamia é uma tradição tão firme que chega a ser difícil aos estudiosos explicá-la. O homem em idade de casar busca uma esposa em um grupo distinto do seu (isso é importante do ponto de vista biológico, pois há troca de material genético, e isso possibilita a não existência de problemas dada à consangüinidade, e conseqüente extinção). É uma forma de intercâmbio: um grupo cede a outro uma mulher se este está em condições de dar-lhe outra no lugar, para que o vazio deixado por uma seja preenchido pela outra. Todas as noites, os Pigmeus costumam se reunir em danças coletivas e jogos mímicos, que são suas atividades preferidas nas horas de lazer.

Não é fácil falar da religião dos Pigmeus, porque eles não costumam expressar suas crenças com ritos externos e, além disso, a religião dos diferentes grupos não é uniforme. Geralmente, crêem num Ser Supremo criador, que se personifica no deus da selva, do céu e do além. Crêem ainda que as almas dos bons se convertem em estrelas do firmamento, enquanto as almas dos maus são condenadas a vagar eternamente pela selva e dão origem às doenças dos humanos.

Alguns países pretenderiam usar os Pigmeus como curiosidade turística e convertê-los em patrimônio nacional, como se tratassem de animais raros de uma reserva. Esta é uma situação discriminatória que, nascida das diferenças entre os Pigmeus e os demais povos africanos, ainda perdura hoje. Quando estão entre estranhos e distantes de seu hábitat, os Pigmeus parecem tristes, preguiçosos, introvertidos. Na selva, ao contrário, são alegres, muito ativos, comunicativos e acolhedores. Para eles, o sistema comunitário é essencial e determinante.

Ultimamente o seu meio ambiente está sendo cada vez modificado e destruído pela extração de madeira, extensas plantações de café, minas de ouro e diamantes e implantações industriais. Além disso, o uso de armas de fogo por parte de negros e brancos afasta sempre mais os animais selvagens, dificultando a caça, atividade essencial para a subsistência dos Pigmeus.

Os Pigmeus foram os primeiros habitantes da África Central. No entanto, quando a região onde habitavam foi invadida pelos Bantu - outro grupo étnico africano muito importante, que se dedica à agricultura -, eles se viram obrigados a se refugiar mais e mais nas profundidades das selvas. Atualmente, somam cerca de 200 mil vivendo na floresta equatorial, divididos entre os territórios da República dos Camarões, Gabão, Congo, República Centro-Africana, Burundi, Ruanda e Zaire.

Qual o futuro dos Pigmeus? Eles conseguirão se integrar numa sociedade moderna sem perder a sua identidade cultural? A discussão avança em terreno desconhecido. Qual o tipo de desenvolvimento adequado para uma população semi-nômade? Sabe-se muito pouco a respeito. Mas o que vemos é que isso é um problema mundial, onde tribos de nativos perdem cada vez mais suas identidades diante da cultura, ação destrutiva e ganância do homem moderno. Por isso é difícil achar hoje, grupos que ainda não tenham perdido e mudado alguns de seus hábitos, em detrimento ao contato com a “civilização”.

Saiba e veja mais em:
http://www.nationalgeographic.pt/revista/0905/feature7/default.asp
http://www.pygmies.info/index.html
Depósito do Calvin Sedentario e Hiperativo