quarta-feira, fevereiro 21, 2007

Brasil, filme Turistas e uma boa crítica!



Ok galera, aos conhecidos e amigos, alguns destes já receberam um e-mail meu falando sobre isso, o filme Turistas, pois eu havia recebido um e-mail pedindo que eu aderisse a um boicote a este filme, coisa que só não fiz como recusei ao boicote e também critiquei legal essa ação.

Recentemente com a estréia do filme, li uma ótima crítica escrita pela colunista Luciana Toffolo do site Omelete, site este o qual sou freqüentador quase diário (sempre que entro na net, visito este site) em busca de informações sobre quadrinhos, filmes, games e etc.

Tal critica chamou muito a minha atenção, pois ela descreve bem o que penso, e creio que talvez eu não pudesse ter escrito melhor. Sendo assim, venho fazer das palavras dela as minhas. A minha opinião (já que é tudo como penso). Ah, é excelente tudo que ela escreve, muito bom mesmo, e não diz respeito apenas ao filme em questão, mas aborda bem várias coisas. Tá perfeito!

Leia abaixo, se for de seu interesse claro, o texto escrito por Luciana.
Obs: Para ver este texto na íntegra, clique
aqui
Texto original publicado em 05/02/2007:

Falar mal do Brasil é que nem falar mal da mãe. Só a gente pode, né? O pior é que no filme Turistas, não é que eles falem mal do país, eles só não falam bem... Não assisti ao filme, nem pretendo, simplesmente por que não faz a minha linha, mas é impossível passar incólume ao bombardeio de notícias a respeito da película

E aparentemente, o Brasil retratado em Turistas é o mesmo que encontro quando ligo a TV, leio a Internet, saio de casa. Só que quem faz o retrato é de outra nacionalidade. Aí não pode.

A gente está querendo enganar quem?

O filme, que está tendo resultado pífio de bilheteria nos EUA, exibe uma turma de mochileiros estadunidenses que vem para o Brasil e, entre outras coisas, é assaltado, seqüestrado e se envolve com tráfico de órgãos. Além disso, há estupro e ações de esquadrão da morte. Conta pra tia: tem alguma coisa aí que você tem certeza de que não acontece no Brasil?

Até mesmo de tráfico de órgãos, o assunto mais surreal abordado no filme, eu já ouvi falar. Pior, ouvi dizer que pessoas recolhiam mendigos na rua oferecendo um lugar para abrigá-los e um bom prato de comida, mas na realidade os levavam para um lugar onde eram sedados e os órgãos extraídos do corpo. Pode ser lenda urbana, claro, assim como Jasons, Freddy Kruegers e afins. Mas foi neste país ou não que queimaram índio (em Brasília)? PCC? Presos que contratam prostitutas pelo celular? Não foi aqui na vizinhança (centro de São Paulo) que houve um surto de “limpeza” em que vários indigentes foram mortos? Foi. E por isso quando ouvi dizer a história do mendigo levado para extração de órgãos não duvidei. E também por isso, eu só lamento que o país tenha chegado a este ponto – o ponto de ser avacalhado por seu próprio “mérito” num filme B que, infelizmente, está longe de ser inverídico.

Lenda urbana ou não, fato é que o cinema existe também para brincar com o imaginário das pessoas. O cinema é ou não é o lugar ideal para uma boa ficção? Ou você acha que ao visitar Nova York você vai participar de várias perseguições policiais, cruzar com o Woody Allen em uma livraria, trombar no Sam, do filme Summer of Sam, e ainda ver o Godzilla passeando na quinta avenida?

Bem, mas os fatos. Existe uma corrente na Internet que começa assim: "NÃO ASSISTAM, NÃO DÊEM $$$ A UMA PRODUÇÃO QUE SÓ VISA ACABAR COM NOSSA IMAGEM." E ela deu cria: Orkut, blogs, YouTube, MySpace, todos os espaços virtuais foram invadidos por brasileiros sentados em frente à telinha LCD, possivelmente respirando ar condicionado, indignadíssimos com o filme, implorando para que ele seja boicotado.

Zzzzz...

Eu acho muito curiosa essa onda de ofendidos com o filme. Eu me ofendo é quando vejo o Clodovil decorando a sala que vai ocupar enquanto exercer o cargo de deputado para o qual foi DEMOCRATICAMENTE eleito. Eu me ofendo ao ver uma família ser queimada (incluindo uma criança de 5 anos) após um assalto em Bragança. Também me ofendo ao lembrar de Liana, vítima do Champinha, ao me recordar dos seis (talvez mais, perdi a conta) assaltos que sofri, me ofendo com a violência que assola o país enquanto a gente fica incomodado com um filme B cretino que se não ia ser visto antes, agora é que não vai mesmo. Aliás, quem paga pra ver filmes desse tipo, pelo amor de Deus?

Uma espectadora que assistiu ao filme nos Estados Unidos admitiu que acha mais seguro ir para o Caribe. Eu, eu, eu! Eu também! Devo ser extraditada por isso? Ela, pelo menos, pode pegar um avião a hora que quiser, já os brasileiros... Viagens à parte, quem, no Brasil inteiro, não tem medo da favela carioca? Quem não tem medo do centro de São Paulo à noite? Quem no Brasil não vive com medo?

Segundo reportagem publicada pelo jornal Folha de São Paulo, “ A zona sul é um "oásis" de segurança no Rio se comparada com áreas da zona norte e da Baixada Fluminense, nas quais as taxas de mortes são até 23 vezes maiores do que na área turística preferida da cidade. Mas mesmo o "oásis" chega a ter o dobro dos assassinatos de Nova York e seis mais homicídios do que Londres.
A média de homicídios anual na zona sul (83) no período é 23 vezes inferior ao da Baixada (1.944) ”


Dio mio, quase duas mil pessoas são mortas por ano vítimas da violência em APENAS UMA das regiões do Rio de Janeiro. E você fica mal com Turistas?

Também se sugere o “deixa pra lá”. Discordo. Acho realmente que não devemos polemizar pra não gerar publicidade indireta, curiosidade, qualquer coisa que renda um centavo brasileiro ao filme. Mas é legal silenciar por fora e ficar se remoendo por dentro até que o monstro fique grande o suficiente para que você e eu façamos alguma coisa DE FATO para que o Brasil não seja retratado na tela como ele, infelizmente, é. Queremos um país que seja lembrado só pelas coisas boas? Não depende de mais ninguém a não ser de nós mesmos, ou você acha que um eleitor do Bush vai ser bacana contigo? Fala sério.

Como diz o próprio trailer do filme: "Em um país onde tudo é possível, qualquer coisa pode acontecer". Eu completo: inclusive mudar. Tem dúvida?

Veneninho extra
O que eu não contei sobre a espectadora do filme que prefere o Caribe foi que ela também disse: “Sei que tem cidades grandes como Buenos Aires [sic] e Rio, que não é só selva."

Esse tipo de coisa, além das gafes de sempre que estão em Turistas - salsa no lugar de samba e brasileiros falando espanhol – dão um gostinho todo especial à coisa toda. Mais uma vez os estadunidenses reafirmam assim a imagem de povo mais ignorante do mundo. E pronto, cada um com seu estereótipo.

Como diz o ditado: “Eu posso ser feio, mas tenho como mudar. E você, que é burro?” (Ui, ai..disse TUDO)

Nota: Em 2005, o Brasil recebeu 5,3 milhões de visitantes, que deixaram mais de 3,6 bilhões de dólares no país.
Fonte: Folha de São Paulo.

PERFEITO DEMAIS este texto escrito pela Luciana!!!

Complemeto por Marcelo Hessel, para ver este texto na íntegra clique aqui.
Texto publicado 15/02/2007:

A essa altura você já deve saber que o filme de terror Turistas, ambientado no Brasil, não faz um retrato muito positivo da nossa famosa hospitalidade. Na trama, jovens mochileiros do Primeiro Mundo são dopados, roubados, mutilados. Na vida real gringos já são maltratados por aqui, quando não assassinados, mas foi só Hollywood mostrar isso em filme para a turma dos indignados se juntar à dos nacionalistas na marcha-boicote.

Turistas não merece a execração. Não só por ser um enlatado indigno de tanta discussão, também por outra série de motivos.

Antes de mais nada, ficção não tem responsabilidade com o real. Se tivesse, se chamaria documentário. Mais: cultura de massa é feita de simplificações, de estereótipos. Cite um filme de terror hollywoodiano que não veja todo caipira sulista como rebocador, frentista ou carniceiro de abatedouro. Se eles se enxergam assim (quando não são desdentados sujos e iletrados, são mutantes ou canibais), porque eu reclamaria do jeito como me enxergam?

Comparando, o retrato até que é lisonjeiro. O vilão de Turistas é um médico cirurgião. Em duas linhas de diálogo apresenta-se todo um raciocínio moral que justifica as suas ações. Filmes do gênero não costumam reservar dignidade tal aos seus homens-maus. Aliás, raras produções ambientadas no Brasil têm preocupação em aprender algo de fato sobre o país. Houve um tempo em que figurantes mexicanos eram contratados para falar português com sotaque espanhol... Com Turistas é diferente - o Brasil do filme é um simulacro, claro, mas um simulacro reconhecível por nós.

A começar pela sequência de abertura. Um ônibus precário leva mochileiros pela costa fluminense até o Nordeste. Estrada intransitável. Motorista imprudente exagera numa curva e perde controle do veículo. "Ok, entendi o seu ponto, essas coisas aparecem todo dia no jornal", você pode dizer. Mas não é só isso. As protagonistas chamam a atenção para uma frase de boas-vindas aos gringos rabiscada no banco do ônibus, junto a um desenho impublicável. Tem coisa mais brasileira que pichação de busão?

Os roteiristas fizeram a pesquisa, os personagens transmitem. Um cita a proporção de mulheres nível supermodelo em Floripa, outra sugere ao rapaz que tome uma boa tigela de açaí. Que os coadjuvantes e figurantes todos falam português, e não espanhol, nem precisaria mencionar. Aliás, Pru, a personagem de Melissa George, que no filme surge como a única gringa que fala português, avisa aos demais: "A língua oficial deles não é o espanhol!". A atriz fez a lição de casa idiomática direitinho. Já o inglês do caiçara Kiko (Agles Steib), o guia do grupo, é pior que o inglês do Borat.

Ah, ia esquecendo: a essa altura, 20 minutos de filme, já tocou umas três músicas de Marcelo D2 e um funk do MC Tam. A letra de "Vidro Fumê", sobre relações sexuais no banco traseiro de um carro, Pru traduz aos demais.

São curiosidades - mas se não fosse a menção ao Brasil, o filme mal seria notado (nos EUA, por sinal, passou batido). Visto só como mais um exemplar de terror adolescente, Turistas fica bem abaixo de um O ALBERGUE As relações de causa e efeito são vergonhosas, de tão simplórias. O único momento em que o diretor John Stockwell (A Onda dos Sonhos; Mergulho Radical...de água e beldade ele conhece) consegue superar o esquematismo do gênero é na perseguição submersa. Diminuindo corajosamente o compasso do clímax, ele consegue aumentar o suspense, coisa rara hoje em dia. Por tabela, ainda faz aquela propaganda bonita das grutas da Chapada Diamantina.

O filme não vale, portanto, todo esse barulho. Pelo contrário, Turistas deveria ser louvado por trazer pra cá a estrutura da indústria e empregar mão-de-obra nacional - supervisão de roteiro, figurino, revelação e pós-produção, além de filmagem de segunda unidade, são majoritariamente executados por brasileiros. Por fim, pense o seguinte: se o filme fosse, como O Albergue, ambientado no Leste Europeu, o elenco feminino não passaria o tempo todo de biquini. Mostrar mulher semi-nua correndo de maníaco é a única responsabilidade social que conta. Turistas a cumpre com prazer.

O filme estreou dia 16/02/2007.

Eita, preciso dizer mais alguma coisa?! Talvez só que cada um procure formar sua própria opinião, se informar melhor antes de tentar discutir algo ou “criticar” alguma coisa (LEIA muito). Seja alguém e não mais um na grande massa da ignorância.

4 Comments:

Blogger eliel said...

Eita paciencia que não tenho pra ler em tela! Mais gostei da critica da luciana!! =D Quaunto ao brasil sem comentarios. É só tirar os olhos da telinha da globo que vc vera vida real com ela realmente é.

11:53 AM  
Anonymous Anônimo said...

Ótima crítica! Eu recebi isso por email logo quando o filme foi lançado...
E acho que esta crítica resume tudo sobre o assunto...em vez de campanhas pra que não assitam o filme não seriam melhor campanhas sobre a realidade no Brasil e sobre como reaizar mudanças?
A gente sempre tenta combater as consequências dos fatos e não procura reverter as causas...e enquanto fizermos isso, vamos continuar vivendo exatamente da mesma forma, independente de um filme que mostre nossos problemas, que são reais, infelizmente.

beijo! =*

4:30 PM  
Anonymous Anônimo said...

Engraçado sonhadores. Enquanto vcs ficam nessa utopia de que é melhor nos preocuparmos com outros problemas mais sérios no nosso país de que um simples filme da po... dos EUA cuja cultura é dominar a tudo e á todos pela força. Que venha + Katrinas e pq naun tsunamis para a terra do tio Sam afinal foram eles que naun assinaram o tratado de Kioto naun foi? Aaaaaa + 1 coisa. Mudanças começam com o voto e não com sociologia.

12:40 AM  
Anonymous Anônimo said...

CONCORDO COM A CRITICA MAS PELO QUE EU SAIBA EXISTE CARRO E CELULAR AQUI .

10:51 PM  

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