Oa, acho que ainda não vos contei sobre as quedas que levei este ano (2007), num foi?! Bem, acho que não tive tempo, mas agora estou tendo um tempinho e vou contá-las, pois foram lindas, eheh...vale a pena ler tudo.
Antes de tudo, vale ressaltar que havia mais de oito ou nove anos que eu andava de mãos dadas com a força da gravidade, não me lembrando quando foi a ultima vez que eu havia caído, ou ido ao chão contra minha vontade. Mesmo participando de muitas aventuras, me arriscando, correndo, subindo e fazendo o “escambau” de coisas. A força da gravidade nem se quer um escorrego me deu. Com isso, nem me lembrava qual teria sido a ultima vez que tinha me arrebentado em algum substrato (qualquer um que seja).
Era tarde, janeiro deste ano, um pouco antes de, ou melhor, uma semana antes de voltar a Recife/PE. Era uma terça-feira, se não me engano dia 09. Bem, estava eu todo na minha, ‘relax’ total na casa de minha vó, no quarto, de frente ao PC, navegando e digitando no orkut. Ao mesmo tempo, com um pacotinho de biscoitos fazendo um lanchinho com uma das mãos. E com a outra mão digitando, sentadinho em uma daquelas malditas cadeiras de plástico, que tanto costumam se abrir, sabes qual é né?! Pois é, eu lá, tranquilão, e quando menos esperava..."BAAAAAAAAAAHHH..." (uma simples e confusa onomatopéia para descrever o som que se deu, eheh).
A perna da maldita cadeira se quebrou, isso mesmo, se quebrou, não se abriu como normalmente acontece apenas, ela simplesmente QUEBROU do nada...e nem deu sinal que estaria prestes a isso, tipo, se abrindo aos poucos...e olha que sou magro, peso em torno de 76kg apenas. Acho que foi o pacote de biscoitos “Treloso” que eu estava comendo, aquelas gramas dele devem ter feito toda a diferença. Só pode. Maldito biscoito.
Outro detalhe, é que foi um baita susto, pois eu só ouvi o som da perna da cadeira se quebrando apenas uns milissegundos, no exato momento que estava indo em direção ao solo, um pouco depois de quebrar a perna da cadeira e antes de chegar ao chão. Bem, mas como ainda não sou nenhum ninja, não tive como me esquivar, me defender do chão e da queda.
E lá estava eu, de pernas para o ar, sem entender nada, perdido, confuso, dolorido, perguntando coisas como:
“- Quem sou eu?”, “Onde estou?”, “O que houve?” ,“O que houve com o mundo?, por que tudo está de cabeça pra baixo?”, “Qual o sentido da vida?”.
Ali, naquela cena lamentável, biscoitos haviam voado em todas as direções, eu de pernas para o ar, cabeça no chão fazendo indagações sem sentido. Até que minha vó chegou ao local (ela estava na cozinha ma hora do ocorrido, a poucos metros do quarto que eu me encontrava), assustada com o estrondo do barulho feito pela minha queda. Minha vó era a única que estava em casa além de mim.
Ai chega ela, assustada (eu já disse isso num foi? É pra enfatizar melhor, eheh) e perguntando:
“- Que foi isso? Que foi que houve? Quando eu ouvi o barulho eu pensei logo que tinha sido o computador que tinha caído no chão e se arrebentado todo.
E eu, pobre coitado tentava me erguer, com a mão estendida quase clamando por um auxilio, mas minha vó, quando se deu conta que apenas eu estava no chão (e não o computador), ao invés de se preocupar comigo, se eu estava machucado por exemplo, começou foi a rir de mim, me vendo naquela situação ridícula. Olhei pra ela, e não disse nada, continuei tentado me erguer, ela só parou de rir quando se deu conta que a cadeira dela (ela tem duas dessas, ou melhor TINHA duas, esta que me levou ao chão e outra menor, e ainda bem que esta que quebrou comigo não era a preferida dela, =P), e passou a dizer:
“- Minha cadeirinha, quebrou, ‘hem-heim’”.
Putz...primeiro se preocupa com o PC que havia se quebrado e agora com a cadeira...mas seu neto que é bom, nada! Que eu podia fazer? Bem, o que minha vã dignidade permitiu: Rir bastante de tudo aquilo! Ou seja, me juntei a ela nos risos e “alegria” que a cena propôs.
Além de ficar rindo daquilo tudo, e verificar todas as minhas escoriações, tive que varrer o quarto repleto de biscoitos que estavam por todos os lados e tentar entender pelos restos da cadeira maldita, o que me fizera aquilo. Sem sucesso meus estudos. Fazer o quê né?! Por isso continuo a achar que foi culpa do pacote de Treloso, dos biscoitos. Então, por precaução, quando você estiver em frente ao seu PC ou qualquer outro numa cadeira de plástico, NUNCA coma biscoitos. É ARRISCADO pra caramba.
Já não basta sempre que minha vó lembra do ocorrido entrar no riso sem fim, e eu ter que agüentar isso, é mole?! Meu consolo, e como disse a ela, como ela gostava de sentar naquela cadeira também, é que isso aconteceu comigo e não com ela, ou minha mãe. Principalmente com ela, que já tem idade bem avançada. Graças a Deus foi comigo.Pois é galera, temos que ver o lado bom das coisas.
Ah, outra coisa, depois dessa, não pensem que minha vó é um monstro desalmado por não ter me auxiliado e ter ficado rindo de mim e se preocupado mais com os bens materiais (PC e cadeira) que a mim. A minha situação era mesmo RIDICULA, até eu teria rido de mim mesmo de inicio se não tivesse sido eu a estar ali no chão. Minha vó me ama e eu a amo. Não foi uma questão de falta de compaixão.
Pois é, depois de anos e anos sem saber o que era uma queda, meu ano de 2007 começou bem. Bem, tudo bem, se tivesse parado por ai mesmo. Não bastasse um cotovelo muito doido e uma nádega (à esquerda) – que constrangedor – roxa e doida também...teve mais uma queda, pior que esta, no mesmo dia, só que desta vez a noite. Vamos a ela.
Antes, porém, é preciso dizer que minha ultima queda (não esta da cadeira deste mesmo dia) tinha sido andando de bicicleta, numa bike de meu primo SEM FREIOS. E também tinha sido minha ultima vez que tinha andado de bicicleta, pois já não tinha mais minha bike há quase 15 anos.
Pois bem, oito a nove anos atrás, eu tinha ido a uma loja de discos de minha terra natal para fazer uma seleção de músicas e mandar gravar um CD, pois naquela época eu nem sabia o que era internet, não tinha PC, não existia mp3 (se existia me era totalmente desconhecido), e como CDs aqui no Brasil são muito caros, e como não tinha condições de comprar, o jeito era mandar gravar as músicas preferidas. Fiz isso pela manhã de um belo dia de sol. À tardinha fui buscar. Meu primo nisso estava com uma Bike, mas não tinha freio da frente e o de trás mal funcionava, só com muito jeito pegava mal. Pra andar devagar, tudo bem, se conseguia diminuir a velocidade numa boa. Só que eu não sei andar devagar em bicicleta, adoro correr. Mas esse não foi o problema. Peguei a bike emprestada mesmo sabendo dos riscos.
A casa onde moro fica numa parte baixa da cidade (mina terra natal: Arcoverde/PE), se a cidade fosse um cone com funil, minha casa estaria no funil, ou seja, de um lado, ladeira, e de outro ladeiras também, só subidas, ou dependendo do seu ponto de vista, só descidas. A loja de CDs que mandei gravar o CD ficava no alto de uma ladeira, numa parte alta da cidade (não a mais alta, mas é alta), a ladeira pra chegar até lá é beeeem inclinada, cansa ir/subir a pé. Pois bem, tendo isso em mente, saberia que o freio da bike nem era necessário, só que esqueci que tinha a volta, que era só descida.
Peguei meu CD na loja, não precisei usar o freio até chegar lá na loja. Na volta eu tinha duas opções principais, pegar a ladeira maior, uma avenida muito movimentada (Av. Severiano José Freire) e cheia de cruzamentos e sinais e tudo o mais. MUUUUUUUITO inclinada, dando hiper-velocidade a bike se você descer por ela, se eu a tivesse escolhido teria pego alta velocidade.
Só que, tinha a segunda opção, um estreito beco (em torno de um pouco mais de 1m de largura), um beco horroroso, sem nada, esquisito, inclinado também, que eu já o chamava de “Beco do suicídio” (besteira minha, não me pergunte o porquê), já o chamava assim desde pequeno e ainda o chamo assim. Esse beco dava acesso à rua de baixo. Representava menos perigo que descer pela avenida. Ledo engano meu, em parte.
Este beco só tem janelas, uma delas parece de um calabouço, com grades e alta e de um lugar sombrio, uns degraus (2 apenas) que dava para uma porta que sempre esteve fechada e só isso. No final dele, nesta época, na rua estava sendo retirada a tubulação de esgotos e trocadas, ou seja, tinha um enorme rombo no chão. Fora que o final do beco, dava com a calçada, onde pedestres transitam sem se preocupar com o que sai desde beco, podendo, por exemplo, vir a serem atropelados por um louco numa bike desembestada e sem freio.
Mas calma, não foi o caso. Ao pegar esse beco como “atalho sem perigos”, a bike inventou de não funcionar o único freio que teoricamente deveria estar ao menos REGULAR...deveria, não funcionou. A bike pegou velocidade, eu só com uma mão, a outra segurava o CD que eu gastara míseros R$ 3,00 reais, mas na época me faziam muita diferença, então não queria gastar mais mandando fazer outro, por quebrar este.
Lá estava eu, enfiando os pés no chão na vã tentativa de desacelerar a bike do meu primo, e sem resultados positivos. O freio continuava a “frescar” e sem funcionar, neste exato momento, dobra no final do beco entrando nele uma linda garota morena, cabelos longos e lisos, uma fofurinha. Desespero aumenta, pois uma menina linda daquelas, e eu no desespero para conseguir parar a bike, sem contar o problema que eu ia atropelar ela, o que seria mais vergonhoso. Que cena horrível e constrangedora. Não vi opção, e ela (a menina) parou esperando e assustada a principio pelo meu desespero e vendo que se eu não parasse, seria atropelada, pois ela estava quase no meio do beco e eu também.
Não tinha volta pra mais nenhum, e nem espaço e local pra se proteger. Não tive escolha, meti o pé esquerdo nos degraus que havia no beco e me forçando ir contra a parede direita do beco com toda a força (dada a velocidade que eu ia). Machuquei legal meu ombro, mas me salvei, salvei o CD, a bike de meu primo e a bela garota de ser atropelada e até quem sabe morta por uma bike, ninguém merece. Imagina, eu nunca me perdoaria por primeiro atropelar uma menina tão linda e até talvez matar ela atropelada, morrer assim é indigno de qualquer ser humano.
E o que eu recebi?! Risos, e mais risos, a menina depois de ver toda aquela cena lamentável e ridícula minha, passou por mim quase gargalhando...fiquei morto de vergonha, afinal ela era linda, se fosse feia, eu tinha esculhambado. Nós homens somos muito bestas mesmo. O que um rostinho bonito feminino não nos faz?!
Beleza, passado a vergonha do momento, o desespero do susto, a dor no ombro continuava. Desci da bike e fui levando ela até o final do beco. Lá, já na rua em si, me veio mais dúvidas, dúvidas imbecis, porque não eram nem pra existirem. Quais eram elas?! Saber se agora pegaria a avenida e terminar o trajeto até em casa, ir ou não na bike, ou ir levando ela na mão mesmo, ou pegar outro caminho, um mais longe, mas mais seguro. Depois de me dar conta das duvidas imbecis, já que se a bike fez o que fez naquele beco, imagina na avenida cheia de cruzamentos e bem movimentada de carros, caminhões, motos, carroças de burro e cavalos, crianças e demais pessoas e animais, eu teria me lascado todo. E certamente se tivesse escolhido descer por ela e não pelo beco, hoje não estaria aqui contando isso. E se novamente tivesse escolhido na segunda rua, também ter descido pela a avenida e em cima da bike, o resultado seria catastrófico não só pra mim, mas quem estivesse no meu caminho, e também para a bike do meu primo. Afinal tinha isso ainda, a bike não ser minha, e eu estava preocupado com o “bem estar” dela, afinal se eu devolvesse com algum defeito ao meu primo, eu teria que pagar. E se eu pudesse pagar por uma bike, não teria pego emprestada uma, teria comprado uma pra mim. Por isso, era de suma importância que eu trouxesse a bike de jeito que eu a peguei. Afinal tirando o problema dos freios, era uma boa bike e estava novinha.
Decisão tomada, burra em parte, pois tomei a decisão de ir nela, e não com ela (a bike), acreditei que tinha dado “um jeito” no único freio que tinha, e confiei nele. Uma IMPORTANTE lição: Nunca confie num freio defeituoso, pois quando você realmente precisar dele, ele lhe deixará na mão, nos pés, no ar, no chão...
Subi na bike, com o freio novamente e teoricamente “consertado”. Peguei um longo caminho, porque não tinha mais opção de descida a não ser pela avenida. Peguei pela rua do espaço Fênix (quem mora em Arco sabe qual é), passei pelo Tiro de Guerra e fiz a volta quase na Praça da Bíblia, novamente peguei uma mínima ladeirinha, e até então vinha andando devagar, por isso não testei o freio, não usei. Que erro!
Chega a um ponto onde se me restam mais duas novas opções, pegar de novo a avenida ou pegar uma rua paralela a ela, menos movimentada, que tinha sido o que eu tinha pensado em fazer ao realizar todo um contorno por longe. A rua é a “Rua do Urubu” (conhecida assim por muitos moradores de Arcoverde), mas ela tem outro nome, ou acho que tem, tipo um oficial, só não sei qual é. Bem todos a conhecem por este nome. É fica perto de minha casa lá em Arco. Era a minha melhor opção. Detalhes: Rua MUITO inclinada, grande ladeira e bem inclinada no inicio, e calçada (paralelepípedos).
Ainda tive a excelente idéia de descer da bike, e ir a pé mesmo, ao menos até seu final. Mas eu assim o fiz? Nããããããooo...o gênio aqui resolveu arriscar e acreditar que o freio não me abandonaria mais uma vez. Pra quê fui arriscar?! Deus!
E lá vou eu...logo de inicio a bike pegou velocidade de quase 900km/h (exageros a parte, pegou MUITA velocidade mesmo), dada a grande inclinação inicial da ladeira. “Vruuuuuuuuuuuuumm...” e lá vou eu a toda velocidade. De cara tentei acionar o único freio que achei que tinha consertado, funcionou? -você pergunta.
CLAAAAARO que NÂO (lembra da lição atrás?), pois é, mais uma vez eu estava numa fria, numa enrascada. O lado “bom” é que diferente da avenida, era uma rua quase deserta, sem pessoas transitando de um lado ao outro, sem carros fazendo o mesmo também, sem nada, só casas de um lado a outro e carros estacionados de um lado e do outro. No final da rua, terminava com outra rua em transversal, e um canal no mesmo sentido (perpendicular se preferir), este canal é de esgoto, e tem em torno de uns 4 metros de profundidade. Fica logo de frente a rua, tem suas muretas de uns 60 cm e uma estreita ponte que leva a outra rua, do outro lado do canal.
Tentei de TUDO para frear a bike, pus os pés no chão, fiz zigue-zague com a bike, tentei até puxar o cabo de aço do freio com a mão, meti os pés dos pneus, e nada, nada do que fizesse adiantou tamanha a velocidade que eu estava. Desespero tomou conta de mim, e meu medo maior era destruir a bike do meu primo, pois caso eu sobrevivesse, teria que pagar o prejuízo, e como eu iria fazer isso sem grana?! Vê o que mais tava me preocupando? A ponto de ir dessa pra melhor e me preocupando com o material, tanto até que não larguei de uma mão o CD gravado (lembra dele? Pode isso?). O coitado do CD na trepidação e força que eu empregava para tentar ao menos diminuir a velocidade da bike, rachou a capa em várias partes. Só ouvia o “trec-trec-trec” da capa se quebrando.
Daí em segundos, veio a minha mente milhões de possibilidades ruins para o meu fim e o fim da bike, dentre as quais lembro agora:
*Um carro que estava estacionado poderia sair de repente e eu me arrebentar nele;
*Poderia passar uma criança correndo na minha frente ou idoso e eu não pudesse desviar, assim como um animal tipo gato, cachorro, ave, um eqüino, bovino ou caprino;
*Jogar-me no chão e com isso tentar arriscar que sairia vivo, mas ficaria em coma ou aleijado no mínimo;
*Chegar ao final da rua e de repente dobrar ou passar reto mesmo um carro, caminhão ou qualquer outra coisa significante (qualquer coisa maior que um filhote de cachorro);
*Chegar até o canal, e ai vem mais possibilidades:
1ª - bater contra a mureta dele e ser arremessado com ou sem bike no lado oposto dele, sem saber que resultados sairiam daí (se estaria vivo ou não).
2ª - bater na mureta e cair dentro do canal com ou sem bike, ficar no mínimo inconsciente e ser devorado por baratas e gabirus, já que o canal só fica cheio a ponto de afogar alguém quando chove muito, quando na, é rasinho, a não ser que eu caísse de cara na água e lá ficasse inconsciente e se não morresse da queda, morreria afogado e depois devorado.
E muitas outras opções de como eu iria morrer me veio à cabeça naqueles segundos cruciais. Mas não importa mais agora.
Ai, só me restou uma coisa a fazer, já que a rua estava sem uma alma viva a quem pedir socorro, pedi socorro a quem realmente poderia me ajudar: DEUS. Em pensamento clamei por salvação. E num foi que Ele me ajudou?(Claro né? Deus nunca nos abandona) Como?! você pode perguntar.
Ao me aproximar do fim da rua e provavelmente da minha vida, notei que do lado esquerdo da rua, havia um morro de terra para construção, areia fofinha. Não tive escolha, me lancei a mais de mil (velocidade que devia estar)nele. “POOOOOOOOOOOOOOOFFF”, bati de frente, sem largar o CD da mão, a bike entrou com toda a frente no morro de terra, eu meti a cara na terra, entrando terra até meu estômago e rins, e ao mesmo instante meu corpo virou no ar, me fazendo cair de costas na terra, isso sem soltar o CD e o guidon (não sei como se escreve, aquele local onde você põe as mãos para guiar a bicicleta) da bike. De cara e corpo cheio de terra, peito doendo da pancada, e de cara para o azul do céu, pensando: “Tô vivo?”
Estava, estava vivo, graças a Deus. E o melhor, a bike não tinha quebrado nada, e ninguém tinha me visto cair...quer dizer, mesmo na hora de minha queda, houve uma exceção, uma menininha ia saindo da casa dela e viu toda a cena, e ficou de longe, se “mijando” de tanto rir da minha cara. Eu tava tranqüilo demais por ter saido vivo que nem me importei. Só depois fiquei puto com pirralha que tinha ficado rindo de mim. Pra sorte dela, nunca mais a vi (eheh). Ah, e o CD, bem o CD estava bem, inteiro e sem arranhões, só a capa toda trincada.
Levantei, e pela primeira vez, depois de tudo isso, fiz algo inteligente, não guiei mais a bike por cima dela, levei-a carregando na mão mesmo, eu e ela cheios de terra, eu doído, mas vivo. Não quis mais arriscar andar nela e me arrebentar de novo ou arrebentar ela ou alguém. Mesmo não tendo mais ladeiras a enfrentar, já tinha acabado todas, era só terreno plano agora no resto de percurso até minha casa. Acho que devido minha raiva ser tamanha que me deu alguma inteligência. Depois de tanto também né?!
Cheguei até meu primo e devolvi a ele sua bike, que de ruim além dos freios apenas era que tava cheia de terra. E só por isso ele acreditou na minha história toda. Eu também tava de prova, cheio de terra e tossindo terra a vontade, e ainda o meu CD com capa toda trincada. Nunca mais quis saber desta bike. Disse a ele que tomasse cuidado. Pouco depois ele a vendeu. Se ela matou alguém, bem eu não sei, só sei que não foi eu.
E tudo isso por causa de um CD gravado, ou melhor, de freios ruins, ou seria de uma bike sem eles, acho mesmo que por falta de minha inteligência e teimosia. Só sei que bike sem freios, ou com freios ruins nunca mais eu ando.
E assim chegamos ao dia de minha ultima queda, a que contei no inicio, aquela da cadeira. Pois é, neste dia, depois de já ter levado a queda da cadeira a tarde (creio 16hs). Por volta das 18hs um grande amigo meu chega lá em casa me chamando.
Ele não tem bike, pois a dele já tinha sido roubada há tempos atrás. Mas chegou numa bike lá em frente de casa me chamando. Perguntei de quem era, e se ele a havia comprado, e ele disse que era de um pai de um amigo em comum nosso. Beleza, eu na secura por andar de bike, já que minha ultima vez tinha sido há 9 ou 8 anos atrás, na fatídica queda relatada acima, a pedi emprestada pra dar uma voltinha. Logo ele me emprestou. Antes de começar a andar, perguntei a ele se, claro, havia FREIOS e se estavam bons. Ele me disse que SIM, que havia e que eram MUITO BONS. Beleza então, confio muito nele e sei que não ia me mentir sobre isso. E não mentiu. Os freios estavam bons, muito bons, bons até demais por sinal...
Aqui começa a nova saga de uma queda, mas quero avisar que a história em si poderá apresentar alguns por assim dizer, exageros, pois nada nessa vida sem exageros tem graça. Mas tirando alguns exageros, dá pra se ter a historia e seus fieis fatos e ocorridos. Prometo que não será difícil distinguir a verdade dos exageros.
Como meu amigo me informou que os freios estavam ótimos, e confio nele, nem testei os mesmos. Como já disse uma vez, adoro CORRER de bike, não deu outra, em pouco menos de 1,2 segundos alcancei 1300km/h, corria em pé, e o guidon da bike era baixo, muito baixo, e eu sou alto, todos que me conhecem sabem disso. Eu correndo em pé (de pé na bike né? Dããã...), fiquei com o corpo quase todo inclinado pra frente.
Na metade da rua eu atingi velocidade de escape e rompi a barreira do som, atingindo 3000km/h em menos de 2 segundos. que causou um grande estrondo, fazendo com casas num raio de 20 metros desaparecessem e vidraças a mais de 12km de distância se estilhaçassem em pedacinhos. A onda de arrasto fez o chão da rua subir um pouco e muito dele derreteu. Pessoas até hoje que estavam no raio de ação da explosão sônica, simplesmente sumiram, não se sabe até hoje onde estão ou foram parar ou que lhes aconteceu (acho que elas viraram pó, ou foram arremessadas muito distantemente, não sei, abafa o caso...).
Se aproximando do que restou do final da rua, já eu estava em torno de 8000km/h quando resolvi diminuir a velocidade para parar a bike. Nisso, quem tem costume sabe que se tem freio, basta ir dando uns toques de leve para diminuir a velocidade, sem ter que parar. Acostumado a correr e a fazer isso, tentei fazer o mesmo, tudo beleza, o freio de trás dei um toque ele funcionou diminuindo um pouco, já o da frente, estava tão bom, tão bom, que com um toquezinho de igual que tinha dado ao freio de trás, foi suficiente para a tragédia. Ele TRAVOU a roda/pneu da bike na hora, só com um toque, e isso foi o suficiente, a velocidade que eu vinha, correndo em pé, e com o guidon baixo e eu alto, para que uma forcinha física chamada INÉRCIA fizesse sua parte, me arremessando para frente.
Eu muito “esperto” e metido a ninja, tentei dialogar com essa força física e fazer com que minimizasse a queda inevitável. O que fiz? Tentei recuperar o equilíbrio, fazendo piruetas e zigue-zagues ainda em pé e poucos segundos antes de estar no chão. O resultado foi um lindo balé trágico. Realmente foi lindo, titubeei ao máximo para não morrer e deu certo. A queda foi minimizada em 80%. Cai, fui arremessado ao chão, e por coincidência havia, como na ultima queda de bike minha, um morrinho de terra de construção. Será que isso tem alguma relação?!
Apesar de minimizada a queda, não deixou de produzir marcas e cicatrizes em mim. Mas antes de relatá-las, tenho que dizer que de tão linda que foi a queda, meu amigo que a distancia observava não acreditou que eu tivesse caído à toa e que tinha sido algo proposital/teatral de tão bela. Eu mesmo reconheço a beleza de minha queda e mais me enfureço nisso tudo por não poder ter me visto cair. Tão linda a minha queda foi.
Queda como essa, não dá pra relatar em palavras, por isso fica difícil visualizá-la só eu ou mesmo meu amigo a dizendo como foi. Queda assim você nunca viu e nunca verá em nenhum vídeo espetacular, vídeo-cassetada ou coisas do gênero na net ou na TV. Não poderá ser repetida, nem por simulação. Pena que ninguém tenha filmado, pena que eu não pude assistir a minha própria queda de todos os ângulos possíveis. Pena. Só isso que me deixa indignado e revoltado. Pois, ao levantar, apesar de toda a dor que me afligia eu só fazia SORRIR, imaginando minha queda sendo vista de outros ângulos e da beleza dela. Posso parecer estranho eu estar denominando beleza a uma queda e de bicicleta, mas se você estivesse no meu lugar, estaria fazendo o mesmo, acredite
Agora vamos as escoriações, que não foram poucas, mas a principio, com sangue “quente”, mal as senti o que havia me ocorrido, simplesmente levantei, sorri muito e subi na bike que nada havia sofrido (ainda bem, não era minha...perae, será que também isso tem alguma relação?), e voltei até a frente de minha casa, onde estava meu amigo. Ele rindo pra caramba também da minha queda e sem entender se havia sido ou não proposital. Expliquei a ele, e ele teve que ir embora, entrei em casa e me dei conta do estrago todo.
O sangue foi “esfriando” e fui sentindo mais dores por todos os lados, e o sangue que se fazia presente quase em jorros de diversos cantos do meu corpo. Minha mãe que estava em casa jantando e me pergunta assustada porque eu estava todo sujo, cheio de terra e sangue, e eu sorrindo dissera-lhe que tinha caído em alta velocidade de uma bike. Fui obvio, me lavar, tirar a sujeira e lavar os cortes e arranhões para não correr o risco de infeccionar algum.
Fiz um rombo na palma da minha mão direita, ralei todo o joelho esquerdo, quase perdi uma unha e o dedo do pé direito, tinha outra perfuração por cima do meu pé esquerdo, cotovelo direito e alto do ombro também direito ralados e doendo pacas, fora outras coisinhas cá e lá. Marcas e cicatrizes de uma boa queda. Boas lembranças. Sou louco né?! Eheh, devo ser. Pena que as cicatrizes não permaneceram por muito tempo, só tem uns sinais pequenos nos locais. Meu corpo cicatriza rápido meus cortes, deve ser porque me corto muito. Ehehe...
Bem, neste dia, depois de quase nove anos sem saber o que era uma queda, foram logo DUAS. Pô, isso me assustou, pois à noite eu pretendia sair de casa, e fiquei a pensar que até a 00hs daquele dia eu não estaria seguro.
Mesmo assim eu sai de casa e fui a casa de uma amiga minha, onde fiquei lá até perto da meia-noite. Fui com atenção redobrada com medo de uma nova queda ou acidente, quem sabe até fatal. Pior que esta amiga minha, mora na parte mais alta da cidade, a ladeira pra chegar lá é altíssima e muito inclinada, cheguei lá morto sem ar, e precisei de uns 15 minutos pra recuperar o fôlego, e de lá, do alto, dá pra ver toda a cidade. Mas cheguei bem a casa dela, sem mais quedas.
Quando voltei de lá, quase meia-noite, sabia que o dia ainda não havia acabado o dia, temi que eu caísse e saísse a rolar ladeira abaixo até minha casa. KKKK...mas bom, graças a Deus não cai mais de lá pra cá. Nem neste dia e nem em um outro até a presente data. Ainda bem. Digamos que foi um surto de azar ou eu peguei a FORÇA da GRAVIDADE em TPM. Só pode, pra ela me derrubar duas vezes, no mesmo dia, depois de anos sem cair.
Ou vai ver, realmente tem alguma relação/ligação macabra entre pegar a bicicleta dos outros, morros de areia de construção, freios e algum outro ou outros fatores ainda desconhecidos por mim.
Primeiro me arrebento por FALTA de FREIOS e depois por EXCESSO deles. Pode?!
Só se pode disso tudo rir bastante, isso pode e muito.
=)